Road Trip: Curitiba

Foto tosca de "Retrato de Mário de Andrade" Lasar Segall

Tudo começou com uma idéia que chegou devagar, quase de sacanagem e da noite pro dia o plano estava formado. Exatamente como quando resolvi me mudar de estado e vir morar numa cidade de 6000 habitantes.

Eu e a namorada entramos no golzinho sujo de terra e partimos para curitiba na quinta de manhã. Apressados e já de olho no horário do cinema e uma rápida passada no Sushi-Aki de curitiba. Acho que a idade me estragou. Não consegui me divertir muito com Indiana Jones e sentí falta da grana que foi empenhada nessa perda de tempo.

Ganhei um rascunho e um livro

Decepcionados, partimos pro Jokers Bar pra ver a palestra do Orlando, onde ele explanou que as vezes só abre o e-mail do cliente 20 min. antes da hora de entregar a ilustra e fiquei um pouco fascinado com o culhão dessa abordagem, já que no caso dele não parece comprometer muito o resultado. Trocamos uma idéia, ganhei um livro e umas dicas. Maluco gente boa - e com bastante chão nessa estrada doida de risco, tinta e mancha que a gente vive. Saí de lá com algumas posturas e exemplos pra observar.

De manhã, deixei Aline na rodoviária e lá se foi minha namorada visitar os pais. Abandonado em Curitiba ou Curitiba só pra mim.


Por sorte o Museu Oscar Niemeyer tinha duas exposições absurdas que valeram muito a pena checar. Lasar Segall em uma (com alguns retratos geniais!), e Henry Moore, Lucien Freud e Francis Bacon na outra, só desenhos. Moore e Freud são uma aula de traço, Bacon, sete gotas de loucura.














À noite, como sete gotas não são nem de longe o suficiente dei uma passada no Largo da Ordem, (uma espécie de lapa curitibana com crianças ricas e bem alimentadas gastando o dinheiro dos pais por todo lado.) O que mais me chamou a atenção foi a presença, em peso, da galera do artesanato. Eles estão por toda a américa latina e eu tive a oportunidade de conhecer melhor a história desses caras na noite de sexta. Sem muito plano e muitas vezes com mulher e filhos. esses caras se viram sem pedir desculpas e não parecem estar passando muitas dificuldades não. O contraste das meninas gordas e metidas de curitiba lotando mesinhas e a alguns metros uma roda de 20 loucos sorridentes ao pé de uma construção antiga com um violão, palmas e batuques em basicamente qualquer coisa é muito interessante.





Será que a idéia de deixar algumas mentiras pra trás chegou pra eles de um dia pro outro, assim, quase de sacanagem?

Sei lá, no fim das contas, acho que nossas vidas não são tão diferentes assim.